top of page

Yu Gwansun e o Movimento Primeiro de Março

Atualizado: 19 de mai. de 2022

Dentre os mais de 2 milhões de habitantes que participaram ativamente no Movimento de Independência da Coreia, uma figura histórica se destacou, mas quem foi ela?


Aos 16 anos, uma jovem estudante ativista que dedicou sua juventude no anseio pela independência sul-coreana até a sua morte tornou-se parte dos Heróis do Passado que passaram pela história da Coreia do Sul, ao contribuir significativamente para inspirar outras pessoas a protestarem por sua única liberdade.


Se você ainda não tem certeza de quem estamos falando, nesse post conheceremos mais sobre quem foi Yu Gwansun e a sua importância no Movimento de Independência de 1 de março, então vem com a gente!



 

  • Yu Gwan-sun


Sendo a segunda filha entre cinco filhos da família de Yu Jungkwon e Lee Soje, Yu Gwansun (유관순) nasceu no ano de 1902 em uma pequena cidade chamada Byeongcheon, localizada perto de Cheonan, província de Chungcheong do Sul.


Ao passo que crescia, passou sua infância em Jiryeongri, Edongmyeon e Mokcheongun na província de Chungnam. Filha de pais cristãos, Yu frequentava a Igreja Presbiteriana Maebong próxima a sua província, e sendo reconhecida como uma estudante talentosa pela missionária americana Alice J. Hammond Sharp, a jovem foi encorajada a frequentar a Escola Missionária Hakdang Para Meninas (ou Ewha Hakdang) em Seul – estabelecida por missionários americanos como a primeira instituição educacional moderna para mulheres na Coreia, a cerca de 90km de distância de Cheonan.


Com seu ingresso na Escola Ewha em 1915, Yu começou seu ensino fundamental. Após 3 anos, em 1918, a jovem se formou no ensino fundamental e assim, iniciou seus estudos no ensino médio.


  • Movimento 1º de Março


Conhecido como uma das primeiras demonstrações públicas de resistência coreana durante a ocupação japonesa de 1910 a 1945, o movimento de primeiro de março, também conhecido como Movimento Samil (삼일 운동), trata-se de um movimento de protesto pelo povo coreano e estudantes que pediam a independência coreana do Japão, protestando contra a incorporação forçada no modo de vida japonês.


Inspirado pelos " Quatorze Pontos " visando o direito de " autodeterminação " nacional, que foi proclamado pelo presidente Woodrow Wilson na Conferência de Paz de Paris em janeiro de 1918, o Movimento Samil surgiu em reação à natureza repressiva da ocupação colonial sob o regime militar do Império Japonês após 1910. Depois de ouvirem a notícia do discurso de Wilson, estudantes coreanos que estudavam em Tóquio publicaram uma declaração exigindo a liberdade do domínio colonial.


No dia um de março de 1919, às 2h da manhã, 33 líderes culturais e religiosos que pertenciam ao núcleo do Movimento Samil se reuniram no restaurante Taehwagwan em Seul e leram em voz alta a Declaração de Independência da Coreia, elaborada pelo historiador Choe Nam-seon e pelo poeta Manhae. Inicialmente os ativistas haviam planejado se reunir no Parque Tapgol (conhecido hoje como Parque Pagoda), no centro de Seul, mas escolheram um local mais privado por medo de que a reunião pudesse se transformar em um motim. Os líderes do movimento assinaram o documento e enviaram uma cópia ao governador geral, porém, ao telefonarem para a delegacia central informando de suas ações eles foram presos publicamente.

Após suas prisões, naquele mesmo dia, multidões se reuniram no Parque Tapgol para ouvir um estudante, Chung Jae-yong, ler a declaração da independência coreana publicamente. Posteriormente, a união dessas multidões formou uma marcha pacífica, que a polícia militar japonesa tentou reprimir. Dentre essas pessoas, Yu Gwansun e outros quatro colegas de classe do ensino médio, Guk Hyeonsuk, Kim Hija, Kim Boksun e Seo Myeonghak, participaram das atividades iniciais dos comícios de independência do Movimento de 1º de março.


A jovem estudante e seus colegas saíram às ruas de Seul agitando a bandeira coreana com gritos de “Mansei” (que significa “Viva a Coreia!” ou que “A Coreia viva 10.000 anos!) como protesto contra o domínio colonial japonês. Esse único evento inspirou milhares de outras pessoas em todo o país a se juntarem aos comícios em toda a península coreana.

Alguns dias depois, em 5 de março de 1919, a ativista também participou de outra manifestação pela independência realizada na estação de Namdaemun. Assim, no dia 10 de março o governo de ocupação japonês, na tentativa de reprimir os crescentes protestos, ordenou o fechamento temporário de todas as escolas de ensino fundamental e médio. Em 13 de março, após seu primeiro comício patriótico, Yu deixou Seul e voltou para casa para espalhar a febre da independência na região sudoeste da Coreia.


Em 1º de abril, Yu e seu pai organizaram um protesto pacífico no Mercado Aunae em sua cidade natal, atraindo cerca de 3.000 pessoas que acenaram com o Taegeukgi, a bandeira nacional da Coreia distribuída pela jovem. No protesto, militares japoneses tentaram intervir, disparando tiros e matando 19 pessoas, incluindo os pais de Yu.


Após algumas semanas, em outro comício, Yu foi capturada e enviada para a prisão de Seodaemun, no norte de Seul, onde continuou a se opor ao governo japonês (ela até organizou um comício na prisão para comemorar o primeiro aniversário do Movimento Samil em 1 de março de 1920). Já na prisão, Yu acabou sendo transferida para uma cela subterrânea, onde foi brutalmente torturada e espancada. Suas últimas palavras antes de morrer, aos 17 anos, devido a desnutrição e ferimentos graves, foram:


“Meu único remorso é não poder fazer mais do que dedicar minha vida ao meu país”.

Com protestos públicos continuando a crescer cada vez mais, a polícia local e militar japonesa não conseguiu controlar a multidão. Os oficiais japoneses, em pânico, convocaram forças militares para reprimir as multidões, incluindo as forças navais. A repressão se transformou em violência, resultando em massacres japoneses de milhares de coreanos e outras atrocidades.


A frequente citada “História Sangrenta do Movimento de Independencia da Coréia (한국 독립 운동 지혈 사), escrita pelo historiador Park Eun-sik, relatou os números de 7.509 pessoas mortas, 15.849 feridas e 46.303 presas durante o período do movimento.


Em 1945, com a derrota japonesa ao final da Segunda Guerra Mundial, todas nações que haviam sido anexadas pelo Japão foram libertas, incluindo a Coreia, que teve sua liberdade em 15 de agosto de 1945 - um feriado nacional anual conhecido como "Dia da Libertação”, ou "Gwangbok-jeol" em coreano.


Após sua libertação, o país foi dividido em dois governos, com os EUA ocupando o Sul e a União Soviética ocupando o Norte no paralelo 38. A Guerra da Coréia começou em 1950 e terminou em trégua por três anos.


  • O legado de Yu Gwan-sun

Apesar de sua curta, mas impactante jornada enquanto viva pela liberdade de seu povo, aos 16 anos, a jovem organizadora e ativista nunca mais foi esquecida por sua bravura pela população coreana. Yu, cuja alma corajosa e patriótica não abriu mão de sua voz pela independência, em conjunto com outros ativistas da época, inspirou mais de 2 milhões de pessoas a participarem das mais de duas mil manifestações pró-independência ao longo de toda península coreana, além de ter se tornado um sinônimo de bravura e orgulho para muitos coreanos.


E sendo considerada uma heroína nacional na Coreia, atualmente o Museu Ewha, localizado em Jung-gu, no centro de Seul, comemora a vida de Yu Gwan-sun. O museu apresenta um espaço que modela uma sala de aula em Ewha Haktang, onde Yu estudou. Há também itens e fotografias antigas que retratam o movimento de independência da Coreia.


  • Dia do Movimento da Independência


Como resultado dos esforços conjuntos em abril de 1919 houve a criação do Governo Provisório da República da Coreia. Aquele momento de luto pela morte daqueles que lutaram pela independência coreana iniciou uma tradição em memória de todas as vozes da rebelião, estruturando oficialmente as bases para um governo democrático.


O dia 1º de março foi definido como feriado nacional chamado “Samil-jeol” (삼일절) ou “Dia do Movimento da Independência” – que significa literalmente três e um, ou primeiro de março em coreano – em 1949. Desde então, anualmente a bandeira sul-coreana é hasteada dentro das casas e outros estabelecimentos ao redor do país, além de lerem a “Proclamação de Primeiro de Março pela Independência Coreana” no mesmo local em que ela foi lida pela primeira vez.













Referências:




📝: YU GWANSUN. The Albany Academies. Disponível em: < https://www.albanyacademies.org/news-detail?pk=1403377#>.

📝: SOHN, J.Y. “Remembering Yu Gwan-sun, icon of Korea’s March 1 Independence Movement”. The Korea Herald. Disponível em: <http://www.koreaherald.com/view.php?ud=20190227000831

>.

📝: DAVIES, Dan. Yu Gwansun. New World Encyclopedia. Disponível: <https://www.newworldencyclopedia.org/entry/Yu_Gwansun>.

📝: “Yu Gwansun and The March 1st Independence Movement”. Stories of Beloved Heroic Figures in Korean History. Bring Jikji to the world!. Disponível em: <http://jikji.prkorea.com/english/cultural-heritage/heritage4/#

>.

📝: Movimento 1º de março. StringFixer. Disponível em: <https://stringfixer.com/pt/Samil_Movement>.

📷: PARK, H.Y. The Korea Herald. Disponível em: <https://tinyurl.com/arte-yu-gwan-su>.

✍: @llarissavt

🎨: @juuhloureiro

Revisão: @jady_lim

Comentários


Formulário de inscrição

Obrigado pelo envio!

©2021 por A Coreia Autêntica. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page